Evangelizar é boanovizar o mundo, dizendo a todos que Deus se reconciliou com os homens em Cristo!
Assim, eu anuncio a reconciliação porque eu mesmo fui reconciliado, mesmo antes de aceitar que estava reconciliado. Eu não me reconciliei com Deus, e, então, Deus vendo minha atitude, se reconciliou comigo. Não! Não foi assim! Eu apenas fiquei sabendo que já não havia mais morte a me matar, posto que Jesus havia vencido aquele que tem o poder da morte, a saber: o diabo; e que havia matado a minha morte na Cruz. Assim, eu cri; e, assim, encontrei paz. Ora, é este encontro de amor aquilo que me motiva a pregar a Palavra, com palavras e com ações; com falas e com sinais e prodígios do amor de Deus.
Para nós, cristãos, entretanto, a coisa toda virou uma missão de angustia e desespero, posto que passamos a crer que tudo depende de nós, e que se não levarmos os homens a "aceitarem a Jesus", nós estamos em situação difícil—é o tal do sangue do outro na cabeça da gente—; ou, então, a gente fica com raiva de quem não aceitou, e mandamos logo o cara para os quintos dos infernos.
O que a gente não leva em consideração é que o "Jesus dos cristãos" já não é o Jesus dos evangelhos. O "Jesus" dos cristãos é uma criação da igreja e do cristianismo; e também não percebemos que o nome de Jesus, para os de fora, representa apenas esse fenômeno religioso que a gente diz que carrega a salvação. Assim, sinceramente, o mundo todo já está perdoado por não "aceitar a Jesus", posto que o próprio Jesus também não "aceitaria Jesus", se o que se apresentasse a Ele fosse justamente aquilo que nós apresentamos aos homens.
Sim, Jesus não "aceitaria Jesus", conforme os evangélicos e os cristãos em geral o "pintam". E digo isto sem nenhum temor, com total ousadia, e certo do que digo.
Evangelizar, antes de ser sair vendendo um pacote de salvação religiosa, é, e somente é, viver de modo tão pacificado e tranqüilo, que as pessoas percebam que o que nos habita é o resultado de nossa vinculação com o próprio Deus.
Nenhuma evangelização realiza o bem proposto no Evangelho enquanto o que se prega é o "Jesus da igreja". O "Jesus da igreja" não é melhor do que os demais sábios do mundo, e, num certo sentido, é infinitamente mais raso e pequeno do que os maiores sábios da Terra. Assim, na maioria esmagadora das vezes, os homens não rejeitam a Jesus, mas sim a sua representação, e que é feita pela religião cristã e pela igreja. Sim, um "Jesus" que Jesus não aceitaria.
Desse modo, eu mesmo digo: se eu não tivesse, pela Graça de Deus, conhecido a Jesus mesmo, conforme o Evangelho, saiba, muito provavelmente eu estaria entre aqueles que seriam visto como "perdidos", apenas porque, em mim, quase tudo rejeita essa falsificação de Jesus, feita pela religião. Nesse caso, não aceitar o "Jesus da igreja" é até uma afirmação de busca mais excelente, posto que somente seres muito básicos e satisfeitos com quase nada, é que aceitam um "Jesus" tão pouco parecido com Deus e com o homem.
E para que se prega? Ora, para que as pessoas gozem na Terra, ainda, a paz e a alegria de serem de Deus, sem medo, sem culpa, sem as aflições da morte, e sem as entregas à tirania do poder da morte, que é aquilo que desgraça a alma dos homens e destrói o mundo.
Nele, em Quem Deus reconciliou o mundo consigo mesmo,
Por Caio Fábio
Via site Caio Fábio
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