abril 02, 2009

Alegria em pepitas

por Ricardo Gondim
Não sei descrever a minha alegria. Talvez seja uma pequena coceira na alma, que me dá vontade de rir. Quem sabe, borboletas a bater asas na boca do estômago, que me deixam com uma ansiedade deliciosa? Ou um imperceptível contentamento que me faz sussurrar: – Não preciso de mais nada.

Minha alegria explode no peito como uma granada. Outras vezes irriga a pele com arrepios leves de satisfação. É fonte de água-viva, que jorra das minhas vísceras.

Pode nascer de uma rede branca estendida no alpendre e que balança com a brisa do mar; de um cafezinho no balcão de uma padaria; do som de uma taça que brinda o encontro de amigos; do olhar agradecido do neto que acabou de ganhar o primeiro estilingue; do cheiro da comida que se espalha pela casa; da música que lembra o meu amor adolescente; da estrela cadente que risca o céu e me convida a fazer um pedido; do exame de laboratório dizendo que não preciso alongar o tratamento; do livro relido depois de mais de dez anos; do elogio de meu pai quando aprendi a andar de bicicleta; do crepúsculo que desenha o Apocalipse quando viajo por uma estrada qualquer; da fúria do mar contra as rochas; do colibri que se aproxima e foge de mim num piscar de olhos; do feriado chuvoso para ler poesia em voz alta; das lágrimas do noivo enquanto espera a amada no altar da igreja; da tapioca com manteiga em dia frio; do silêncio da catedral vazia que me acolhe quando preciso meditar; do texto entregue que tira uma tonelada dos meus ombros; da noite do domingo depois que me doei inteiramente à Palavra.

Alegria custa tão pouco, meu Deus!
Soli Deo Gloria.

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