outubro 13, 2010

Análise: Nem todos que dizem 'Senhor' entrarão no Céu

Vi de leve um guia eleitoral na TV e notícias sobre a campanha dos candidatos à presidência. Bem de leve porque os discursos e a campanha publicitária ferem nossa sensibilidade e inteligência. O tom maniqueísta lembra os filmes de Glauber Rocha: O dragão da maldade contra o santo guerreiro e Deus e o Diabo na terra do sol. Embora José Serra se alardeie o representante do bem, beije uma cruz de Cristo pendurada no pescoço e saude a nação brasileira cristã; embora Dilma Rousseff assista missa na basílica de Aparecida e confesse ser devota de Nossa Senhora, tudo soa falso e da mais pura hipocrisia.

Os dois candidatos - cristãos de última hora -, orientados às pressas pelos marqueteiros de olho nos votos "religiosos", desconhecem os Mandamentos e o Evangelho de Mateus. Ignoram que não devem jurar o santo nome de Deus em vão e que a mão esquerda não deve saber o que faz a mão direita. Ao contrário, eles exibem diante das câmeras as ações da mão direita, alardeiam-nas, pois o único fim de seus atos falsamente puritanos é parecerem devotos, piedosos, praticantes do evangelho. - Sepulcros caiados! Lobos vestidos em pele de cordeiro! - gritaria o Cristo, expulsando os vendilhões do Templo.

É inconcebível esse retrocesso ao medievo católico ou ao fundamentalismo evangélico, quando em todas as democracias do mundo o Estado busca se desvincular da Igreja. Basta o exemplo da teocracia islâmica do Irã, onde os direitos democráticos mais elementares não são respeitados e as questões laicas são tratadas como se fossem questões de Deus. Nessa campanha, a política brasileira dá uma guinada para trás, permitindo a intromissão de um poder religioso na decisão eleitoral.

Somente numa democracia como a nossa, que de tempos em tempos sucumbe às ditaduras e que mal se refez do Estado Novo e do Golpe Militar de 64, é possível uma campanha com tamanho maniqueísmo e terror. Somos amedrontados a não votar em 'tal' candidato pelo risco de perdermos a liberdade de imprensa, de uma nova ditadura no molde stalinista, pela concentração do poder em certo partido, e etc., etc., e etc., num jogo político inconcebível num país de cidadãos livres. Existe coisa parecida nas eleições americanas? Os democratas apregoam que os republicanos querem se instalar no poder eternamente? Ou vice-versa? A resposta é não, porque os americanos possuem uma democracia estável.

É uma pena que as eleições não sirvam de oportunidade aos debates sobre educação, saude, desigualdade social e corrupção. Assistimos o vergonhoso circo de candidatos chafurdando em questões de foro íntimo, que nada têm a ver com as mazelas sociais brasileiras, manipulando a fé das pessoas, fazendo promessas impossíveis de cumprir.

A teoria da mestiçagem de Gilberto Freyre não consegue explicar nossa vocação pacífica, que vez por outra explode em arroubos violentos, quase sempre individuais, muito poucas vezes ações coletivas, politizadas, refletidas. Em meio à bem sucedida mistura de raças, tão alardeada, manifestamos um individualismo que nos torna frágeis e manipuláveis. Presas de candidatos que transformam o voto de livre arbítrio em vontade de Deus.
 
Por Ronaldo Correia de Brito
Do Recife (PE)
 
Via site Terra Magazine

setembro 28, 2010

Falar muito é um grande perigo

Falar é um perigo. Falar muito é um grande perigo.
A porta se abriu.
- Oi, pai!
- Oi, minha filha.
- Como foi a reunião?
- Uma benção! Deus falou naquele lugar.
Tirou o paletó, afrouxou a gravata...
- Filha, senta aqui. Preciso falar com você.
A moça temeu. No peito, aquela sensação de inexistência.
- Pode falar, pai.
- Já pensou em quem votar nessas eleições?
Eleições significava nada. Respirou aliviada.
- Não, pai. Não pensei sobre isso.
- Votaremos para Deputado Estadual e Deputado Federal, Senadores, Governador e Presidente da República.
O assunto não tinha continuidade nela. Esperou o pai prosseguir.
- Minha filha - reduziu a distância que havia entre os dois no sofá - Jesus está voltando. Nessas eleições, ainda que você não saiba em quem votar, preciso lhe falar em quem não votar. Existe um plano sendo orquestrado nos bastidores do poder e nós evangélicos não podemos coadunar com ele. Leis estão sendo criadas para legitimar o casamento gay, legalizar o aborto e coibir a liberdade de crença. E existe um partido político que está por detrás disso tudo. O sangue de Jesus repreenda esse mal, mas se determinadas pessoas forem eleitas, sofreremos em breve a maior perseguição dos últimos anos. Não poderemos nos posicionar contra as práticas homofóbicas senão seremos presos. Não poderemos pregar senão seremos punidos legalmente.
Ela, enquanto ouvia o pai, se lembrava de alguns e-mails que havia recebido.
- Só não vê quem é cego. Deus já usou um pastor e ele já se pronunciou sobre o assunto e o video já teve milhares de visualizações na internet. Recebi um e-mail essa semana confirmando o envolvimento de tais políticos com o satanismo. O PT conspira contra nós evangélicos, minha filha. Não podemos eleger nenhum de seus correligionários. Dizem até que a Dilma Roussef está com câncer, mas ninguém sabe. Ela está servindo de ponte pra que o Michel Temer, seu vice, que é satanista, chegue ao poder. Esse é o plano: a Dilma morrerá em breve e quem será o seu sucessor? Um satanista. Misericórdia...
- E o que acha disso tudo?
- O que eu acho disso tudo? Como o que eu acho disso tudo?! Precisamos nos posicionar contra esse partido. Não vote em Dilma Roussef, muito menos em deputados e senadores do PT. O Reino de Deus deve ser expandido e isso nos proibirá de fazê-lo. A Palavra do Senhor diz que nos últimos dias muitos se levantariam contra a mensagem do Evangelho. É o que está acontecendo! É isso! Satanás quer amordaçar a igreja de Jesus. Mas ele não vai conseguir. Não vai mesmo. A Bíblia diz que as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja de Cristo. Vamos fazer nossa parte. Não vamos votar nesses filhos do cão que querem impedir a salvação de muitos. O Evangelho precisa chegar aos quatro cantos da terra. E nada vai nos deter.
A moça apenas fitava o pai com desinteresse. 
- Entendi, pai. Que Deus dê pra gente vitória nessa peleja - repetiu feito um robô.
O pai sorriu satisfeito.
- Nós e nossa casa serviremos ao Senhor! Agora me dê licença, filha, vou tomar banho.
Ele caminhou até o banheiro, encostou a porta, jogou a camisa suada por sobre o box e curvou-se pra escovar os dentes. Enquanto repetia alguns cânticos, ouviu o telefone tocar na sala. Rapidamente endireitou o tronco, abriu uma fresta da porta e ainda com água e pasta na boca, gritou:
- Se for do banco, diga que não estou!
Encabulada, deu o devido recado.
Lia uma revista pra se esquecer. De repente, uma presença:
- Oi, filha!
- Oi, mãe.
- Estou exausta. Reunião atípica no fim do expediente.
- Aconteceu alguma coisa?
- Tivemos um conversa com o diretor. Ele nos deixou a par da turbulência que essa filial da empresa está passando. Disse que discordou de alguns pontos propostos pela matriz. A ordem é lucrar, lucrar, lucrar independente dos meios que levarem até isso. Cogitaram redução no quadro de funcionários e congelamento das comissões para os vendedores. A pressão está grande e ele estava nervoso. Disse a nós que não concordava porque cedo ou tarde a empresa não se sustentaria. Era arriscar demais. O estranho foi que ele, sendo ateu, citou até algumas palavras de Jesus pra dizer que de nada adianta grandes objetivos, mudanças astronômicas se a gente não toma conta da nossa casa, de nós mesmos. Esse é o cenário da empresa, filha: querem mais filiais, mas não conseguem manter as que já existem.
- Poxa, que situação.
- Enfim, não quero falar muito sobre isso. E você meu amor, como você está?
A moça não teve pudor em adiar o carinho e indagou:
- Como ele citou Jesus?
- Com uma frase.
- Qual?
- "De que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a própria alma". E ele não tem razão?
Antes de responder, lembrou-se do pai, satanás, políticos, banco...
 
Laion Monteiro
 
texto publicado nesta segunda-feira no site Celebrai

Enviado via email por Laion

setembro 27, 2010

Em busca de mim mesmo

Por Ricardo Gondim
 
Desde que me entendo por gente, já se passaram muitos séculos, parece.

Eu disquei em telefones de baquelite preta; aprendi datilografia repetindo "asdfg" mais de um milhão de vezes; voei em avião movido a hélice e sem pressurização; cantei os jingles de "quem bebe Grapette repete"; acompanhei a desastrosa Copa de 1966 pelo rádio; estudei em escola pública; fui patrulhado por um infiltrado da ditadura, meu professor de Organização Social e Política Brasileira, o famigerado OSPB, porque escrevi "proletário" em um trabalho de conclusão de curso. 

Decididamente não venho deste século. Jurássico, canto com Louis Armstrong: "I hear babies cry, I watch them grow /They'll learn much more than I'll never know".

Depois de tudo, tudo, continuo a perguntar: "Quem sou eu"? Perplexo, não sei delinear a moldura que me distingue dos outros.

Sou um universo de subjetividades;

a mistura dos sons, paladares e cores de minha terra natal;

o tamborilar de chuva em telha de barro, que ressoa desde um quarto antiquíssimo;

a memória sobrevivente de ancestrais defuntos;

o aroma da velha cozinha onde vovó fazia vatapá;

a  ruptura de desejos pueris;

o assistente de tragédias sem reposta;

a sintaxe imprecisa de um idioma que se fez minha pátria;

a sede do transcendente que reluz em meus olhos de menino inquieto;

a encarnação do medo perene de rejeição;

o anseio carente de um colo acolhedor;

a negação de fracassos prenunciados;

a vertebração de perseverar como dever;

o profeta da força avassaladora da impotência;

o filho que alterna o terno e o insensível;

o pêndulo que oscila da melancolia para a euforia; 

o covarde que se revela audaz; 

o corajoso que claudica;

o cético pleno de fé;

o santo que se sabe reles.

 
Soli Deo Gloria
20-08-10
 

setembro 23, 2010

SIGA AS PLACAS!!!!!!

Clique na imagem!


Dez Diálogos Premiados!

10º lugar :
- Como é que se chama um traficante armado até os dentes?
- É melhor chamar, no mínimo, de excelência...

9º lugar :

- Como é que se faz um monte de velhinhas gritar 'Merda!?
- É só gritar 'Bingo'!!

8º lugar :
- Por que Hitler odiava os judeus?
- Porque ele não conhecia os argentinos.

7º lugar :

- O que é preciso para reunir novamente os Beatles?
- Mais duas balas.

6º lugar :
Um advogado e sua sogra estão em um edifício em chamas.
Você só tem tempo pra salvar um dos dois. O que você faz?
- Vai almoçar ou vai ao cinema?

5º lugar :
A baiana deitada na rede pergunta pro amigo:
- Meu rei... Tem aí remédio pra mordida de cobra?
- Tem não, minha linda. Por que? Você foi mordida, foi?
- Ainda não, mas ela está vindo na minha direção...

4º lugar :
A mulher comenta com o marido:
- Antero, querido, o relógio caiu da parede e quase acertou a cabeça da mamãe...
- Maldito relógio! Sempre atrasado.

3º lugar :
- Onde você estava? - pergunta a mãe à menininha.
- No quarto, brincando de médico com o Joãozinho.
- De médico!?! - a mãe dá um grito e um salto da cadeira.
- Medico do SUS, mãe..., ele nem olhou na minha cara!

2º lugar :
A titia pergunta pro Joãozinho:
- O que vai fazer quando for grande como a titia?
O Joãozinho responde: - Um regime!

1º lugar :
Conversa de casados:
- Querido, o que você prefere? Mulher bonita ou inteligente?
Nenhuma das duas. Você sabe que eu prefiro VOCÊ!!!

Verdades sobre Neymar!

Neymar ligou para o Papa e disse: véio, cuida dos fiéis que nos SANTOS eu mando!
 
O Windows do notebook do Neymar travou e minutos depois Bill Gates foi demitido.
Neymar fez o Capitão Nascimento pedir pra sair.
Sejamos francos: sem o Dorival Júnior o Peixe está frito.
Santos anunciará amanhã o novo técnico. Super Nanny é a mais cotada!
Neymar atendeu o Bigfone da concentração e ganhou o poder supremo, Dorival inocente não fazia idéia.
William Bonner começará o Jornal Nacional agora dizendo: boa noite, Neymar!
Se o Neymar fosse do Flamengo, ele já tinha soltado o Bruno e prendido o delegado .
O mundo acabaria em 2012. Mas Neymar decidiu que quer jogar a Copa de 2014. O mundo ganhou mais dois anos .
Neymar fura o sinal vermelho e o Semáforo é demitido.
Quando parar de jogar futebol Neymar vai dar palestra para funcionários de como demitir seu chefe.
Procurei Neymar no Google. Apareceu "Voce quis dizer: Supremo Senhor Mestre Soberano Universal?
Se o Neymar Futebol Clube perder uma partida de futebol no Playstation 3, o presidente da Sony será demitido!
Um certo dia Neymar jogou um pião e deu-se assim o movimento de rotação da terra
 Neymar mandou demitir o médico que fez seu parto: "Quem esse cara pensa que é pra me tirar desse jeito?", disse o jogador ...

setembro 22, 2010

Manifesto pela concórdia e pela paz

Por Leonardo Boff

Nenhum ser humano é uma ilha… por isso não perguntem por quem os sinos dobram. Eles dobram por cada um, por cada uma, por toda a humanidade.

Se grandes são as trevas que se abatem sobre nossos espíritos, maiores ainda são as nossas ânsias por luz. 

Assistimos há dias, com estupor e indignação, o irromper da demência humana. Não deixemos que essa demência detenha a última palavra.

A palavra maior e última que clama em nós e nos une a toda a humanidade é por solidariedade e compaixão pelas vítimas, é por paz e sensatez nas relações internacionais.

As tragédias dão-nos a dimensão da inumanidade de que somos capazes. Mas também deixam vir à tona o verdadeiramente humano que habita em nós, para além das diferenças de raça, de ideologia e de religião. E esse humano em nós faz com que juntos choremos, juntos nos enxugemos as lágrimas, juntos oremos, juntos busquemos a justica, juntos construamos a paz e juntos renunciemos à vingança.

A sabedoria dos povos e a voz de nosso coração nos testemunham: não é terrorismo que vence terrorismo, nem é ódio que vence ódio. É o amor que vence o ódio. É o diálogo incansável, a negociação aberta e o acordo justo que tiram as bases de qualquer terrorismo e fundam a paz.

A tragédia que nos atingiu no mais fundo de nosso coração nos convida a repensarmos os rumos das políticas mundiais, o sentido da globalização dominante, a definição do futuro da humanidade e a salvaguarda da Casa Comum, a Terra. O tempo é urgente. Desta vez não haverá uma arca de Noé que salve alguns e deixe perecer os demais. Temos que nos salvar todos, a comunidade de vida de humanos e não-humanos.

Para isso precisamos abolir a palavra inimigo. É o medo que cria o inimigo. E exorcizamos o medo quando fazemos do distante um próximo e do próximo, um irmão e uma irmã. Afastamos o medo e o inimigo quando começamos a dialogar… a nos conhecer… a nos aceitar… a nos respeitar… a nos amar…enfim, numa palavra, a nos cuidar. 

Cuidar de nossas formas de convívio na paz, na solidariedade e na justiça. Cuidar de nosso meio ambiente para que seja um ambiente inteiro no qual seja possível o convívio entre os diferentes. Cuidar de nossa querida e generosa Mãe Terra. 

Se nos cuidamos como a irmãos e a irmãs desaparecem as causas do medo. Ninguém precisa ameaçar ninguém. Podemos voar em nossos aviões sem medo de que se transformem em bombas para destruir edifícios e dizimar vidas. Que o dia 11 de setembro de 2001 seja menos recordado como o dia da tragédia americana e mundial e mais como o dia da grande transformação no estado de consciência da humanidade, rumo a relações mais inclusivas entre todos, na direção de mais compaixão e solidariedade entre os seres vivos, humanos e não-humanos, no caminho da reverência diante da vida, do compromisso pela justiça, pelo cuidado e pela paz, na alegre celebração da existência. Cada um é chamado a colocar o seu tijolo na construção deste santuáro da paz, da benquerença e da cooperação mundial e planetária.

Que o Espírito Criador que nos habita e que conduz misteriosamente os caminhos da história nos acompanhe com sua luz e com seu calor para realizarmos esses propósitos coletivos e humanitários. Amem. Assim seja.

* Texto escrito por Boff em 2001 após os atentados de 11 de setembro.

Via site Leonardo Boff

A música do " Maligno"! Buena Vista Social Club - Chan Chan

setembro 20, 2010

A subjetividade da beleza

Por Laion Monteiro


O caminho que nos leva à guerra é sorrateiro. Não precisamos de muita coisa para digladiarmos. O emaranhado de motivos sabiamente articulados para justificar um ataque não é capitaneado por altas justificativas. Somos presas fáceis quando o assunto é discussão. Facilmente levados pela pretensa ideia de que nossas teses, pensamentos e opiniões mudam o curso do mundo, não medimos esforços para encastelar nossa verdade particular. E nesse intento, um simples til fora do lugar é suficiente para desejarmos as mais despiedosas consequências aos que ousam não concordar com nosso ponto de vista. Existem certezas que nos tornam belicosos. E dentre tais convicções, não vejo nenhuma outra mais poderosa do que a religiosa.

"O prêmio Nobel de Física, Steven Weinberg, lembrou certa vez uma genial obviedade: que gente boa costuma fazer o bem, gente má, cometer más ações, mas para que se consiga que pessoas de bem pratiquem atrocidades, só em nome da religião."
Marilia Fiorillo, O Deus Exilado
Dizer que fundamentalistas não hesitaram em derramar sangue durante séculos e séculos graças às suas verdades absolutas não é anunciar nada de extraordinário. O que mais me intriga são as minhas certezas ínfimas. Ou melhor dizendo, as certezas que tenho relacionadas a assuntos ligeiramente triviais. A plena consciência de que devo não só ter vontades definidas mas também de fazer apologia de cada uma delas é o que considero como algo religiosamente definido. Não consigo convencer o outro e quando estou diante desse meu fracasso existencial escapo pela via mais mesquinha: demonizo-o. Relego meu próximo à indiferença. E nada mais desesperador do que ser vítima do desprezo.  

A indiferença é uma violência muda. 

Portanto, sou religiosamente convicto de meus gostos musicais, teatrais, cinematográficos e até políticos. A partir daí, começa a soar estranho o que me é diferente. De tão certo que estou, julgo algumas vezes ser a minha vontade a melhor. E quando isso acontece, fico a dois passos de classificar minha insuficiente opinião como algo indiscutivelmente salvador, inteiramente messiânico. Perdi as contas de quantas vezes pensei comigo mesmo como algumas pessoas não gostam desse ou daquele gênero musical; o porquê de ainda não terem assistido àquele filme que tanto me tocou; como conseguem ser tão obtusas e continuar votando no candidato x ou partido y; e mais outras idiotices invariavelmente descartáveis. Não defendo a morte da opinião. Acredito que devemos formá-la da melhor maneira possível. O que acho estranho é o nosso afã de, em nome da opinião, sacrificarmos nossas relações. Quando, por não subscrever nossas ideias, privamos o outro de ser atingido por nosso olhar.

Terrível seria meu caminho, confusas e tortuosas minhas relações caso eu não houvesse acordado para o caráter subjetivo da beleza. Quando estou diante da crueza da vida carrego também comigo a minha história. Ao lançar um olhar pra cada cena da existência certamente o farei a partir de minhas experiências, da minha idiossincrasia. Resultado dessa fórmula é que aquilo que me faz chorar não necessariamente fará o outro se emocionar. Enquanto de um lado me acabarei em lágrimas diante de um filme; o outro acompanhará tudo palitando os dentes. Seria engraçado caso não fosse ultrajante para algumas pessoas.

Sou essa crise infindável. Preciso aperfeiçoar-me na arte da galhardia. Espero não vitimar o próximo caso minha convicção não encontre continuidade em sua mente. Decidi aceitar o desafio de discordar com elegância, expor minhas ideias com discrição e conviver gentilmente. No terreno das relações, quero fazer de tudo pra não desprezar o olhar que busca refúgio. Não quero ser privado de ser atingido por nenhum olhar amigo, não quero sair ileso de nenhuma aproximação. Hoje, faço questão de ser ferido pelo afeto.

Meses atrás, caminhava nos corredores do Palácio da Boa Vista, em Campos do Jordão, quando meus olhos foram surpreendidos por uma tela de Di Cavalcanti. Diante da obra, meu coração bateu forte. Perdi-me por um instante. Fiquei feito a mulher que um dia amou sozinha: ainda buscando firmamento. Quando menos esperava, ouvi um homem dizer, Vamos embora logo...um monte de quadro, isso é pura perda de tempo. No frio, ajeitei o cachecol e pensei em escrever um texto. Esse.

Laion Monteiro

Publicado nesta segunda-feira no site Celebrai

Enviado via email por Laion.

abril 19, 2010

Compre Baton...Compre Baton...

Quem já recitou o "mantra" do Baton na infância veja os vídeos abaixo. Quem não recitou também....




março 10, 2010

Jesus e o Empreendedorismo




Você quer um Trabalho ou uma Missão? Siga-me! Deixe os mortos queimarem os mortos.

Querida(o) Amiga(o),

Jesus tinha um belo emprego. Ele parecia que tinha nascido para construir coisas de muito bom gosto e feitas para durar. Com muito trabalho duro e dedicação, ele criava mobílias sofisticadas para centenas de clientes da pequena empresa que herdara do pai. Ele estava indo muito bem. O marketing boca-a-boca gerado pelos clientes satisfeitos funcionava perfeitamente bem na pequena cidade de Nazaré, novos clientes batiam na porta da sua marcenaria diariamente com novos pedidos.

Jesus nasceu empreendedor, e queria fazer muito mais pelos outros do que aquilo que estava fazendo. Então, um dia, ele virou para a sua mãe e disse que ia embora, que abandonaria a empresa do pai para criar o seu próprio empreendimento.

Se não bastasse a loucura que fez em abandonar um salário sólido, uma empresa bem sucedida, uma profissão que amava e clientes satisfeitos, ele saiu pelo mundo estimulando outros funcionários bem remunerados e bem colocados a fazer o mesmo, "Sigam-me!" falou Jesus para seus futuros apóstolos, "Existe um trabalho a ser feito que dará a vocês uma alegria muito maior que vocês jamais tiveram. Você acordará todas as manhãs faminto por um novo dia. Você irá aprender a vencer os seus medos. E ao invés das moedas de César enchendo os seus bolsos, você terá um coração cheio de alegrias. Eu prometo isso a vocês com a minha vida".

Jesus, a entidade mais admirada do Ocidente, não foi um cara medíocre. Jesus não era serviçal de ninguém, muito menos obediente às tradições da época em que viveu. Ele era um QUEBRA TUDO! Ele era um empreendedor, falava a verdade nada além da verdade, assertivamente e filosoficamente sem qualquer discurso "motivacional". Ele não acariciava a cabeça das pessoas que não faziam por merecer, ele não ajudava quem tinha pressa e era mal educado, ele ajudava quem realmente pedia as coisas com o coração. Jesus não foi um líder paizão, Jesus não andava cabisbaixo. Ele pregou a ruptura de costumes que considerava errados, e não teve medo algum de arcar com as consequências dos seus atos. Jesus disse, "Eu não vim trazer a paz, mas a espada".

Poucas alegrias dessa vida se compararam a alegria de abrir o seu próprio negócio. Ver o telefone da sua empresa tocar, ver as notas fiscais serem faturadas, a entrega do produto ou serviço acontecer, e acima de tudo, perceber que o seu negócio realmente ajuda e influência de alguma maneira o mundo em que vivemos a progredir para o caminho do bem.

Os negócios são a força máxima da nossa sociedade, e todo empreendedor é, de alguma maneira, a grande esperança de tempos melhores para aqueles que o cercam.

Jesus era totalmente a favor dos negócios, do lucro do bem, da empresa do bem e do trabalho do bem feitos para dignificar o homem e seus semelhantes.

Jesus falou sobre negócios e empreendedorismo em uma das suas mais famosas párabolas : "Tendo um homem a necessidade de viajar, reuniu seus servos e lhes confiou seus bens. A um deu cinco talentos; a outro, dois; e a outro, um, segundo a capacidade de cada um. Depois partiu. Logo em seguida, o que recebeu cinco talentos negociou com eles; fê-los produzir, e ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que recebeu dois, ganhou outros dois. Mas, o que recebeu apenas um, foi cavar a terra e escondeu o dinheiro de seu senhor. Muito tempo depois, o senhor daqueles servos voltou e pediu-lhes as contas. O que recebeu cinco talentos, aproximou-se e apresentou outros cinco: "Senhor, disse-lhe, confiaste -me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei." Disse-lhe seu senhor: "Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor." O que recebeu dois talentos, adiantou-se também e disse: "Senhor, confiaste-me dois talentos; eis aqui os dois outros que lucrei". Disse-lhe seu senhor: "Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor". Veio, por fim, o que recebeu só um talento: "Senhor, disse-lhe, sabia que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. Por isso, tive medo e fui esconder teu talento na terra. Eis aqui, toma o que te pertence." Respondeu-lhe seu senhor: "Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei. Devias, pois, levar meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com os juros o que é meu. Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem dez. Dar-se-á ao que tem e terá em abundância. Mas ao que não tem, tirar-se-á mesmo aquilo que julga ter. E a esse servo inútil, jogai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes."

Entretanto, o mesmo Jesus disse, "É mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha do que um rico entrar no reino dos céus", e o mesmo Jesus quebrou tudo no Templo de Jerusalém quando viu as mesas de negócios serem colocadas como a principal fonte motivação da vida das pessoas.

Jesus acreditava nos negócios quando os negócios eram moralmente dignos; quando os negócios funcionavam de maneira sustentável, quando os negócios faziam parte da vida, e não a vida dos negócios.

Deus não tem nada contra a riqueza, ele transformou Salomão no cara mais rico do planeta; Deus não tem nada contra a fama, transformou o Rei Davi no monarca mais famoso por muitas gerações.

Empreendedores como Jesus vivem esse tipo de tensão todos os dias. A empresa, o dinheiro, as pessoas, os recursos de informática, a educação, são apenas ferramentas disponíveis para o homem usar para o bem ou para o mal; cabe ao empreendedor trabalhar diariamente o seu discenirmento para lidar com responsabilidade com as ferramentas que podem mudar o futuro.

Essa é a beleza do empreendedorismo: lidar com as coisas que podem ser usadas para o bem e para o mal, e você, por livre e espontânea vontade e consciência, tem a chance de escolher, e crescer como espírito, e contribuir para a vida dos outros.

Eu imagino que muitos aqui sonham em empreender, mas não tem coragem de largar tudo para experimentar seus próprios sonhos. Se você é um deles, ouça Jesus: "Você precisa nascer de novo para entrar no Reino dos Céus". Você precisa aprender a desaprender, deixar a bagagem que carrega para trás, e bola prá frente, para uma nova fase da vida, para uma fase empreendedora.

Ainda assim, Jesus levou um certo tempo para aparecer. Durante os trinta primeiros anos da sua vida ele viveu um trabalho que não era exatamente a sua missão. Ele foi ao Egito, conheceu sua cultura, e quando sabia que estava preparado, chutou o pau da barraca.

A era que vivemos é a melhor era para empreender. Nunca foi tão barato ter um negócio ou tão fácil começar a sua empresa. O tempo é esse! Segundo as estatísticas de Harvard e companhia ilimitada, mais de 70% das pessoas estão trabalhando em posições erradas e lugares errados. Como seria a seleção brasileira de futebol com o Ronaldinho de beque central, ou o Kaka de goleiro? Pois é assim que trabalham a maioria das empresas, com a maioria das pessoas se enganando sobre o que são e o que fazem.

Se você quer seguir Jesus, leve a sério seu grito de guerra, "Sigam-me aqueles que querem fazer alguma coisa por alguém, e não simplesmente colocar alguns reais no seu bolso"

A escravidão está viva e muito bem de saúde em todo o Brasil, as correntes são invisíveis, os pelourinhos são digitais, a fração da comida dos senhores de escravos você recebe todos os dias no seu ticket refeição, as migalhas do vale transporte te levam todos os dias de volta para a senzala.

O que você vai fazer sobre isso? Você está procurando por um trabalho ou uma missão?

Jesus era um insider. Deus colocou o cara no meio do povo judeu, no meio do império romano, no meio da cultura e dos costumes predominantes da época, no meio de um vilarejo conhecido, para Jesus quebrar tudo de dentro para fora. Hoje, nós conhecemos Jesus e achamos que o cara era um ser iluminado que se destacava na multidão. Mas a prática não foi bem assim. Jesus era mais um na multidão. Ele usava as mesmas roupas que todos usavam, e falava o idioma que todos falavam. Ainda assim, Jesus começou uma revolução.

A caminhada de Jesus não foi fácil, ele foi desacreditado, xingado, massacrado pelos intelectuais da sua época. Se a internet existisse, os web sites estampariam manchetes do tipo, "Judeu maluco e seus seguidores entram em Jerusalém para acabar com a cidade", "Judeu metido a besta se acha o filho de Deus", "Todo o Vaticano concorda: Jesus é filho do diabo", e mesmo com tantas resenhas negativas, Jesus seguiu em frente, confrontando todos com suas perguntas inquietantes.

Quando perguntado, "Você é o Rei dos Judeus?", Jesus respondeu, "Quem você pensa que eu sou?"; "É proibido curar as pessoas no sábado", Jesus respondeu, "Se a ovelha de um vizinho querido caisse em uma vala em um sábado, você o ajudaria a salvar a ovelha?". Jesus estava a frente do tempo das mídias sociais, ele ouvia as críticas abertamente, e fazia as pessoas pensarem sobre as pedras que haviam jogado sobre ele.

Deus, como todos já perceberam, gosta de criar um certo "caos" em tudo que faz. Jesus não conseguiu mudar o Império Romano ou os Judeus, mas conseguiu criar um mundo paralelo que eventualmente devorou as big corporations da sua época.

Você gosta de Jesus? Você o considera o seu ídolo máximo? Então siga o seu exemplo! Caso contrário, saiba que dez ave marias e vinte pai nossos não vão te salvar do inferno, ou conseguir uma sala vip com janela para a Avenida de Todos os Santos na Wall Street do Reino de Deus.

Ninguém sabe ao certo como Jesus arrumava dinheiro para viajar com seus seguidores que cresciam todos os dias; ninguém sabe dizer onde ele arrumava dinheiro para alimentar aqueles que haviam abandonado seus empregos sólidos para encher seus corações de alegria. Ninguém sabe, ninguém viu. O que se sabe é que em todos os lugares que Jesus pisava, ele conseguia abrigo; pessoas dispostas a ajudá-lo e alimentar seus amigos; o networking de Jesus - por conta do marketing boca-a-boca baseado em suas histórias de sucesso - faziam a reputação da sua marca chegar antes que o homem, e o ajudava a encontrar ajuda.

"Sigam-me! Larguem seus empregos medíocres, venham experimentar uma vida de aprendizado, de ajudar os outros, vamos espalhar a verdade!". Assim viveu Jesus, desafiou tudo e todos, e no final, ele também se rendeu. Jesus se rendeu ao seu traidor, Jesus se rendeu aos guardas que o vieram prender, Jesus se rendeu a Deus quando morria na cruz; Jesus reconheceu que não é possível controlar tudo, ninguém pode controlar o incontrolável, controle é uma ilusão, as pessoas falam uma coisa e fazem outra, o controle torna as pessoas miseráveis, e tornará você miserável e doente, dane-se o controle das coisas! Deixe o controle de lado, deixe Deus e as leis do universo cuidarem do controle para você.

A Intel, maior fabricante de chips do mundo, constroi fábricas de 2 bilhões de dólares para fabricar produtos que ainda não foram desenhados para mercados que ainda não existem. É difícil para o empreendedor movido a dinheiro fazer coisas desse tipo, mas a Vida é sobre isso, render-se aos controles do universo, desencanar sobre muitas coisas, investir no risco e no desconhecido, concentrar nas coisas que você tem controle direto, e abraçar o que você não sabe.

Jesus não viveu a sua vida baseado em um plano de negócios. A sua visão de vida norteou todas as decisões que precisou tomar ao longo do caminho. Todo grande empreendimento tem um começo humilde, e sem qualquer plano de negócios. Um plano de negócios não pode substituir a visão do empreendedor. Somente pessoas apaixonadas, seguindo seus sonhos, fazem as coisas serem bem sucedidas.

Por outro lado, Jesus disse: "Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a rir de você".

A paixão que move o empreendedor, é a mesma que o cega sobre o que pode ser feito ou não. Não assuma todos os compromissos só porque chegam até você. Não comece algo que você não pode acabar!

Jesus realizou seus milagres mais conhecidos nos vilarejos ao redor do Mar da Galiléia, uma pequena região de 50 quilômetros de extensão. Apple, Google, Microsoft, Casas Bahia, Pão de Açúcar, Magazine Luiza, Nike, todas as grandes empresas que você admira tiveram começos muito humildes em garagens, carretos, lojas alugadas e muito pior. Não pense que o fato de ser pequeno em uma pequena cidade do interior do Brasil vai te fazer obscuro, as histórias do bem percorrem os caminhos do marketing boca-a-boca!

Jesus sabia desde sempre que iria morrer sozinho, ele sabia que até Pedro o abandonaria, que um amigo o trairia, que todos os outros sairiam de perto quando fosse capturado. Ainda assim ele amava a todos, com suas imperfeições, ignorância e medos.

As vezes nós esquecemos que Deus está na indústria da transformação. Nós esquecemos que fomos chamados até aqui para sermos muito mais do que somos. Nós esquecemos que Jesus foi um QUEBRA TUDO; não um servo assalariado medroso. Nós esquecemos que ganhar dinheiro não é pecado, baixar a cabeça para as regras que você discorda é irresponsabilidade, e seguir sem praticar é hipocrisia.

De graça nós recebemos, de graça temos que dar!

NADA MENOS QUE ISSO INTERESSA!

QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E Você?

Ricardo Jordão Magalhães
Apóstolo do Empreendedorismo
E-Mail e Messenger: ricardom@bizrevolution.com.br
BIZREVOLUTION

EU SOU FÃ DO SER HUMANO! E Você?

fevereiro 04, 2010

O mundo possível

O mundo requer que os viventes sempre demonstrem probidade, austeridade, gravidade, lógica. Quando precisam brincar, devem mapear o litoral do riso, esboçar a silhueta da lucidez, traçar a circunscrição da prudência. Que ninguém ouse. No beco estreito dos imutáveis, não se ri; na catedral sombria dos dogmáticos, não se poetiza. Os mestres da verdade se acham capazes de estacionar o sol no meridiano.

Os impolutos caçam os instáveis; os arrojados detestam os jardineiros; os notários odeiam os contemplativos. Os improdutivos foram condenados a viajar na cauda da embarcação. Não se respeita quem não transforma tempo em dinheiro e afeto em vantagem. Impotência é patologia e tristeza, debilidade.

Acredito noutro mundo possível. Um mundo onde não se tratam fragilidade como aleijão, precariedade como rebelião e tristeza como morbidez; onde as igrejas acolhem como as tabernas e os sacerdotes, sensíveis como as avós.

Luto por outro mundo, onde os tribunais tratam a miséria como insulto, a guerra como anacronismo selvagem e o trabalho infantil como maldição.

Minha frágil ousadia se sustenta nesse filamento; quero projetá-la como facho de bondade. Apesar de mera gota, espelho o universo com toda complexidade. Inquieto, encarno a divindade em vaso de barro. Assim, transformo-me cotidianamente na resoluta decisão de impedir que a vida se esvaia pelas trincas do descaso.

 Por Ricardo Gondim

Via site Ricardo Gondim

GENEROSIDADE

A generosidade é a virtude que transcende a justiça. Justiça é dar a cada um o que lhe é de direito. Generosidade é distribuir o que pertence ao doador, que abre mão da posse porque se alegra mais em compartir do que em reter. Justiça é dar pão a quem tem fome. Por esta razão, é preciso ser justo antes de ser generoso, disse Chamfort. A generosidade, disse Hume, se fosse absoluta e universal, nos dispensaria da justiça.

O tributo é a dádiva da obrigação: dar a César o que é de César. A oferta generosa é a dádiva do coração: dar a Deus o que é de Deus, pois a Deus não se dá por obrigação. A solidariedade é a dádiva da responsabilidade, ou como ensinou Martin Luther King Jr., "a injustiça em algum lugar é uma ameaça à justiça em todos os lugares", ecoando Abraham Lincoln: "Ao darmos liberdade aos escravos, estamos garantindo a liberdade aos que são livres". A generosidade é dádiva da liberdade-liberalidade, de quem possui, mas não é possuído. A solidariedade é a dádiva da consciência. A generosidade é a dádiva do coração. Na solidariedade há inteligência, na generosidade, afeição.

Amar ao próximo como a si mesmo é solidariedade, e nesse sentido, a solidariedade é uma forma de amor indireto por si mesmo: cuidando dele, cuido de mim, ou, no mínimo, mostro como se deve cuidar de alguém, caso um dia esteja eu no lugar do próximo que ora ajudo. Amar ao próximo com o amor de Cristo é amar ao próximo inclusive às custas do sacrifício de si mesmo, estou disposto a dar do meu para que o outro jamais tenha falta, não me importando sequer se a falta será minha.

Amigos de verdade, observou Montaigne, não se pode emprestar nem se dar nada, pois tudo é comum entre eles. Assim viveram os primeiros cristãos: ninguém considerava propriamente seu o que possuía, pois tinham tudo em comum. Nesse caso, a generosidade se destina ao outro, ao estranho, e mesmo ao inimigo. Que virtude em ser generoso com os filhos, já que a felicidade dos filhos é a felicidade dos pais?

Comte-Sponville pergunta: que porcentagem de sua renda familiar você consagra a despesas que se possam chamar de generosidade, em outras palavras, a uma felicidade diferente da sua ou de seus íntimos? Ele mesmo responde: cada um responderá por sua conta, mas imagino que estamos quase todos abaixo dos 10%, e muitas vezes, faça o cálculo, abaixo de 1%. Certo, o dinheiro não é tudo, diz ele, mas porque milagre seríamos mais generosos nos domínios não financeiros ou não quantificáveis? Por que teríamos o coração mais aberto do que a carteira? O inverso é mais verossímil.
 
De fato, Jesus tinha mesmo razão ao afirmar que mais bem aventurada coisa é dar do que receber. Alguém com raciocínio lógico concordaria: em melhor condição está quem dá do quem recebe. Mas tal raciocínio é egoísta: prefiro dar do que receber, porque isso significa que tenho mais do que aquele que recebe, ou pior, um raciocínio mesquinho: antes ele do que eu. A bem aventurança de dar implica a constatação de que já estamos livres de possuir e ser possuídos. Para quem é livre dar não é obrigação, responsabilidade ou solidariedade. Para quem é livre, dar é amor. Por isso é que se diz que é possível dar sem amar, mas é impossível amar sem dar.
 
Por Ed Rene
 
Via site IBAB 

janeiro 28, 2010

O QUE SIGNIFICA EVANGELIZAR?

Evangelizar é boanovizar o mundo, dizendo a todos que Deus se reconciliou com os homens em Cristo!

Assim, eu anuncio a reconciliação porque eu mesmo fui reconciliado, mesmo antes de aceitar que estava reconciliado. Eu não me reconciliei com Deus, e, então, Deus vendo minha atitude,  se reconciliou comigo. Não! Não foi assim! Eu apenas fiquei sabendo que já não havia mais morte a me matar, posto que Jesus havia vencido aquele que tem o poder da morte, a saber: o diabo; e que havia matado a minha morte na Cruz. Assim, eu cri; e, assim, encontrei paz. Ora, é este encontro de amor aquilo que me motiva a pregar a Palavra, com palavras e com ações; com falas e com sinais e prodígios do amor de Deus.
Para nós, cristãos, entretanto, a coisa toda virou uma missão de angustia e desespero, posto que passamos a crer que tudo depende de nós, e que se não levarmos os homens a "aceitarem a Jesus", nós estamos em situação difícil—é o tal do sangue do outro na cabeça da gente—; ou, então, a gente fica com raiva de quem não aceitou, e mandamos logo o cara para os quintos dos infernos.

O que a gente não leva em consideração é que o "Jesus dos cristãos" já não é o Jesus dos evangelhos. O "Jesus" dos cristãos é uma criação da igreja e do cristianismo; e também não percebemos que o nome de Jesus, para os de fora, representa apenas esse fenômeno religioso que a gente diz que carrega a salvação. Assim, sinceramente, o mundo todo já está perdoado por não "aceitar a Jesus", posto que o próprio Jesus também não "aceitaria Jesus", se o que se apresentasse a Ele fosse justamente aquilo que nós apresentamos aos homens.
Sim, Jesus não "aceitaria Jesus", conforme os evangélicos e os cristãos em geral o "pintam". E digo isto sem nenhum temor, com total ousadia, e certo do que digo.

Evangelizar, antes de ser sair vendendo um pacote de salvação religiosa, é, e somente é, viver de modo tão pacificado e tranqüilo, que as pessoas percebam que o que nos habita é o resultado de nossa vinculação com o próprio Deus.
Nenhuma evangelização realiza o bem proposto no Evangelho enquanto o que se prega é o "Jesus da igreja". O "Jesus da igreja" não é melhor do que os demais sábios do mundo, e, num certo sentido, é infinitamente mais raso e pequeno do que os maiores sábios da Terra. Assim, na maioria esmagadora das vezes, os homens não rejeitam a Jesus, mas sim a sua representação, e que é feita pela religião cristã e pela igreja. Sim, um "Jesus" que Jesus não aceitaria.

Desse modo, eu mesmo digo: se eu não tivesse, pela Graça de Deus, conhecido a Jesus mesmo, conforme o Evangelho, saiba, muito provavelmente eu estaria entre aqueles que seriam visto como "perdidos", apenas porque, em mim, quase tudo rejeita essa falsificação de Jesus, feita pela religião. Nesse caso, não aceitar o "Jesus da igreja" é até uma afirmação de busca mais excelente, posto que somente seres muito básicos e satisfeitos com quase nada, é que aceitam um "Jesus" tão pouco parecido com Deus e com o homem.
E para que se prega? Ora, para que as pessoas gozem na Terra, ainda, a paz e a alegria de serem de Deus, sem medo, sem culpa, sem as aflições da morte, e sem as entregas à tirania do poder da morte, que é aquilo que desgraça a alma dos homens e destrói o mundo.

Nele, em Quem Deus reconciliou o mundo consigo mesmo,
Por Caio Fábio
Via site Caio Fábio

Não morri pela primeira vez


A estrada de minha vida foi doce e adstringente em proporções iguais. Ri e chorei, ousei e apanhei com igual intensidade. Amei e odiei como todos os vis mortais. Não ouso reclamar dos afogamentos, dos desgostos, dos embotamentos. Sou vítima e verdugo, infectuoso e réu. Contudo, na metade dos meus cinquenta anos, baqueei. 
As decepções se agigantaram no peito e o coração bateu sem ritmo – e, parece, ele nunca mais baterá igual; desilusões que nasceram, muito provavelmente, de olhos idealistas. Não, nunca fui ingênuo. Eu percebia as gambiarras institucionais; enxergava os olhares furtivos de monacais que sagazmente azeitam a máquina eclesiástica como meio de vida; notava as lógicas internas de um edifício doutrinário que não se sustenta diante da imensa tragédia humana. Mas, entusiasmado com minha própria potencialidade, insisti nos quixotismos. Eu não queria ver o mal que me rodeava. Meus olhos se fixavam nas conquistas – Conquistar o quê, meu Deus, se eu próprio não passava de um tolo que nunca se dominou? 
As dores se sedimentaram e eu acabei no leito de um hospital. No intento de fazer o bem, ganhei inimigos. No esforço de ser relevante, fiz-me antipático. Descobri que a popularidade cobra um preço alto. Aprendi que o zelo pelo bem termina em patíbulo. Como um bicho selvagem que não se dobra diante do chicote, nunca me acostumei às pedradas. Sofro horrores com a saraivada dos infames. Minha carne vira combustível volátil na fagulha inclemente da mentira. 
No leito, sem acesso à abóboda celestial, tomei certas decisões. Na absoluta depuração de ouvir os passos da Senhora da Foice, rabisquei nas tábuas do espírito: "Não sairei daqui o mesmo". Minhas resoluções não precisam significar nada; elas são minhas, apenas minhas.
Decido distanciar-me completa e totalmente de qualquer debate doutrinário. Não preciso provar coisa alguma. Sem medo, vou caminhar sem carecer de bitolas. Teimoso, eu voltava a desafiar críticos. Mas agora me dou por vencido. Resignado, viro o lado esquerdo da cara para os Curadores da Reta Doutrina. Que eles fiquem com o báculo da ortodoxia. Que se refestelem com a enormidade de suas descobertas espirituais. Sinto que devo marinar a alma com temperos exóticos. Prefiro aprender com prostitutas – elas me precederão no Reino. Às vezes penso em gritar, mas já é tão tarde, meu Deus!
Decido abrir mão de buscar granjear seguidores. Meu caminhar não será comprometido por lisonjas – Quanto mais lisonjeados, mais dificultados de encarar o futuro! 
Decido pactuar com quem não teme molduras, não pensa a partir de rótulos e não faz varredura no universo sagrado, que é a alma do próximo. Os purgativos que se encontrem na roda dos puros. Quero mergulhar a cabeça na poesia dos que a moralidade puritana considera insalubre. Não evitarei a genialidade dos maculados pelo crivo provinciano dos novos Torquemadas. 
Decido dedicar-me à literatura. Ainda hei de escrever; mas não para salvar o mundo. Acredito que a pena do destro escritor tem o poder de resgatar a mim mesmo enquanto padeço. Insubstancial, vou tentar entender a força do verbo que se faz carne. Rei de mundos quiméricos, não vou necessitar proteger as costas de vampiros emocionais.
Renasço. Sem afetação, engatinho aos cinquenta e seis. Decido enfrentar a nova puberdade em melhores condições, espero. A proverbial energia dos adolescentes me encorajará na fascinante tarefa de me fazer humano na velhice. Peço tão somente que não me prendam em cercaduras, o horizonte teme os meus olhos e eu não cesso de persegui-lo.

Por Ricardo Gondim

Soli Deo Gloria

Via site Ricardo Gondim

janeiro 27, 2010

Record vende 'torpedo' com orações do bispo Macedo



O portal de entretenimento da Record coloca o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal, como uma celebridade do mesmo nível de estrelas populares da emissora, tais como Dado Dolabella, Eduardo Guedes e Ana Hickmann, entre outros.

No endereço www.recordentretenimento.com.br, a imagem de Macedo reveza-se na homepage com as de artistas. O anúncio convida o internauta a baixar "conteúdo e mensagens de fé" do bispo. Ele também pode receber pelo celular as últimas fofocas sobre o ex-integrante e vencedor de "A Fazenda", as novas receitas do culinarista do "Hoje em Dia" ou dicas de moda de Ana Hickmann.

Macedo é o único religioso incluído na lista de "celebridades" da emissora. O serviço é pago. Em média, o internauta que se dispuser a receber os torpedos tem de pagar cerca de R$ 2,30 por semana.

Procurada pela coluna, a Central Record de Comunicação disse não ver "problema algum nos dois tipos de conteúdo anunciados no portal, uma vez que se trata publicidade de uma empresa que é parceira da Record Entretenimento".

Por Ricardo Feltrin
Colunista do UOL



Via Site UOL Noticias

janeiro 26, 2010

Casamento entre o céu e a terra




"Hoje nos encontramos numa fase nova na humanidade. Todos estamos regressando à Casa Comum, à Terra: os povos, as sociedades, as culturas e as religiões. Todos trocamos experiências e valores. Todos nos enriquecemos e nos completamos mutuamente. (...)

(...) Vamos rir, chorar e aprender. Aprender especialmente como casar Céu e Terra, vale dizer, como combinar o cotidiano com o surpreendente, a imanência opaca dos dias com a transcendência radiosa do espírito, a vida na plena liberdade com a morte simbolizada como um unir-se com os ancestrais, a felicidade discreta nesse mundo com a grande promessa na eternidade. E, ao final, teremos descoberto mil razões para viver mais e melhor, todos juntos, como uma grande família, na mesma Aldeia Comum, generosa e bela, o planeta Terra."

Casamento entre o céu e a terra. Salamandra, Rio de Janeiro, 2001.pg09

Via site Leonardo Boff  
 

Reconhecidos pelos frutos


Eu acredito na contemporaneidade dos dons espirituais, e penso que os dons são extremamente importantes para a edificação do corpo de Cristo. Contudo, a comunidade de Jesus, precisa desesperadamente ser conhecida pelos frutos e não pelos dons. O que pode ser mais claro que a indicação de Jesus "E sereis conhecidos pelos frutos"? De nada vale falarmos as línguas dos homens e dos anjos, tivermos todo o conhecimento e a fé, entregarmos tudo aos pobres, se não amarmos uns aos outros (I Co 13.1-3)?.


Na atual situação teológica da igreja brasileira (seria um caos?) os dons são tão mal compreendidos, e os frutos tão timidamente incentivados, que muitos reconhecem e caracterizam o servo de Deus, tão somente, como aquele que flui nos dons espirituais. Tem consideração entre nós aquele que cura em nome de Jesus, faz milagres, ora em línguas estranhas, profetiza, berra no microfone, faz alguns atos proféticos e assim por diante. Mas Jesus nos alertou em Mateus 7.22-23 para que não sejamos tão inocentes:


Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.


A igreja brasileira é constituída majoritariamente por membros de denominações carismáticas, e isso indica que estamos adornados pelos dons, exatamente como aquela figueira cheia de folhas em Betânia que chamou a atenção de Jesus quando ele teve fome. Mas para infelicidade da nação, estamos sem frutos, e nós sabemos o que Jesus fez com a figueira sem frutos. Somos como a igreja de Corinto, sem dúvida era a igreja que mais fluía nos dons espirituais, e também a mais problemática e escandalosa das igrejas neotestamentárias.


Muitos são tachativos em dizer que estamos passando por um período de avivamento sem precedentes na história do país. Geralmente justificam esta afirmação baseando-se nos aspectos quantitativos. De fato, estamos crescendo quantitativamente, nossos templos estão cada vez maiores, as igrejas cada vez mais ricas, mas e a qualidade? Não podemos esquecer que o islã também não para de crescer no mundo inteiro (isto é sinal de avivamento islâmico?). Deveríamos ficar maravilhados não com o tamanho da igreja, que alimenta nosso orgulho ferido evangélico, mas com vidas e sociedades verdadeiramente transformadas.


Definitivamente não sou contra os dons, mas acredito que deveríamos incentivar com mais veemência os frutos. Desejo o avivamento, uma revolução de santidade em nossa nação, mas rejeito este pseudo-avivamento, onde o que mais importa é exaltar a placa da igreja. O avivamento que desejo é semelhante ao Grande Reavivamento (XVIII) ocorrido na Inglaterra, através da figura de John Wesley e seus pregadores. Ali havia dons, mas principalmente frutos. E os frutos eram tão abundantes, que uma sociedade corrompida como aquela, desde a alta aristocracia até os "bárbaros" mineiradores, foi completamente impactada.

 

Por Daniel Grubba


DEUS AMOU O MUNDO


A palavra "mundo" na Bíblia tem pelo menos três significados. Pode representar o "mundo natureza criada", como no Salmo 24.1: "Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam". Também se refere ao mundo como sistema de valores anti-reino de Deus, como em 1 João 2.15: "não amem o mundo nem o que no mundo há". Mas, principalmente, mundo é uma referências a pessoas, ou mesmo à humanidade, como em João 3.16: "Deus amou o mundo".

Quando se refere às pessoas, o Evangelho de João, por exemplo, deixa claro que são pessoas em oposição a Deus. Não receberam Jesus em sua divindade (1.10), não reconheceram sua messianidade (1.11) e rejeitaram sua obra (1.12). A palavra "mundo", portanto, se refere às pessoas que estão em rebelião contra Deus e alienadas de Deus (8.23,24) e que, portanto, têm como fonte de vida (morte) o Diabo (8.41-44). Por estas razões, nutrem um ódio não apenas contra Deus como também contra tudo quanto lhe diz respeito, principalmente aqueles que reconhecem Jesus em sua divindade e messianidade e a ele se submetem em amor (15.18-25). Na Bíblia Sagrada, a expressão "mundo" não aponta para pessoas amáveis, ou que naturalmente despertam nossa compaixão e cativam nossa solidariedade. Inclui a criança abusada, a vítima de um ato de violência e injustiça e alguém que sofre em virtude da estupidez de um terceiro. Mas também inclui o abusador pedófilo, o corrupto que se locupleta às custas da miséria alheia e o motorista alcoolizado que atropelou e matou três pedestres. O amor de Deus abraça todos aqueles que teríamos razões suficientes para odiar. Pessoas inescrupulosas, que nos ferem, usurpam nossos direitos, nos submetem ao sofrimento em virtude de sua maldade, egoísmo e indiferença a tudo quanto é sagrado. 



Erroneamente acreditamos que essas pessoas ocupam apenas as páginas dos jornais, transbordando sua malignidade do alto dos morros e na periferia pobre de nossas cidades. Mais facilmente classificamos como "pessoas odiáveis" o político mau caráter, o terrorista fanático, o soldado do crime organizado e o bandido que usa farda e trai a honradez dos homens que integram nossas forças policiais. Mas no caso de Jesus as pessoas chamadas "mundo" estavam bem ao seu lado: eram os líderes de sua religião, seus amigos mais íntimos, seus homens de confiança e, especialmente, muitas que foram abençoadas por ele. Anás e Caifás, Judas, Pedro e todos quantos gritaram Barrabás. Não eram pessoas distantes. A maioria, inclusive, partilhava de sua mesa, seu afeto, sua compaixão e seu serviço amoroso.

Amar o mundo, portanto, é um desafio sobre humano. Exige abrir mão do desejo de vingança e da retaliação; recusar pagar o mal com o mal; guardar o coração do ódio, da mágoa e do ressentimento. Amar implica servir e abençoar os não amáveis: alimentar o inimigo faminto, dar de beber ao que nos odeia e tratar as feridas de quem nos quer mal. Esses todos, de quando em vez, nos chegam de longe. Mas, de fato, geralmente transitam em nossos círculos mais próximos: a família, a comunhão de amigos e a comunidade chamada igreja. 


Não foi sem razão que até mesmo para Deus amar custou e custa caro: Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito. Amar custou para Deus dizer não a si mesmo para que pudesse dizer sim ao mundo que amou: Jesus não se apegou às suas prerrogativas e direitos divinos, "mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens, e achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz".

Por Ed René Kivitz

Via Site IBAB

janeiro 25, 2010

If God will send his angels \ Se Deus Enviasse Seus Anjos - U2






If God Will Send His Angels

Se Deus Enviasse Seus Anjos





Nobody else here baby
Ninguém mais aqui meu bem
No one here to blame
Ninguém aqui para culpar
No one to point the finger
Ninguém para apontar o dedo
It's just you and me and the rain
Apenas eu, você e a chuva




Nobody made you do it
Ninguém mandou você fazer isso
No one put words in your mouth
Ninguém colocou palavras na sua boca
Nobody here taking orders
Ninguém aqui está recebendo ordens
When love took a train heading south
Quando o amor tomou um trem em direção ao sul




It's the blind leading the blonde
É o cego conduzindo a loira,
It's the stuff, it's the stuff of country songs
São coisas, coisas de músicas country.




Hey if God will send his angels
Ei, se Deus enviasse seus anjos
And if God will send a sign
E se Deus mandar um sinal
And if God will send his angels
E se Deus enviasse seus anjos
Would everything be alright
Estaríamos todos bem?




God has got his phone off the hook, babe
Deus tem tirado o telefone do gancho,
Would he even pick up if he could
Ele atenderia se pudesse?
It's been a while since we saw that child
Tem um tempo desde que vimos aquela criança
Hanging 'round this neighborhood
Pela vizinhança.
You see his mother dealing in a doorway
Veja a mãe dela negociando em uma entrada
See Father Christmas with a begging bowl
Veja o Papai Noel com uma tigela de esmola.
Jesus sister's eyes are a blister
Os olhos da irmã de Jesus são uma bolha
The High Street never looked so low
A rua central nunca pareceu tão vazia.




It's the blind leading the blonde
É o cego conduzindo a loira
It's the cops collecting for the cons
São os guardas contribuindo para o crime.
So where is the hope and where is the faith
Então onde está a esperança e a fé?
And the love...what's that you say to me
E o amor...? O que você diz para mim,
Does love...light up your Christmas tree
Que o amor... acende a sua árvore de Natal?
The next minute you're blowing a fuse
No próximo minuto estaremos soprando uma vela falsa
And the cartoon network turns into the news
E o Cartoon Network se torna o noticiário.




If God will send his angels
Se Deus enviasse seus anjos
And if God will send a sign
E se Deus mandar um sinal
And if God will send his angels
E se Deus enviasse seus anjos
Where do we go
Para onde nós iríamos?
Where do we go
Para onde nós iríamos?




Jesus never let me down
Jesus nunca me deixa triste
You know Jesus used to show me the score
Sabe, Jesus costumava me mostrar o caminho.
Then they put Jesus in show business
Então puseram Jesus no show biz,
Now it's hard to get in the door
Agora está difícil chegar à porta.
(Angel)
(Anjo)




It's the stuff, it's the stuff of country songs
São coisas, coisas de músicas country.
But I guess it was something to go on
Mas acho que iria continuar assim




If God will send his angels
Se Deus enviasse seus anjos
I sure could use them here right now
Tenho certeza de que poderia usá-los aqui e agora
Well if God would send his angels
Bem, se Deus enviasse seus anjos...




I don't want to lie
Eu não quero mentir
(Where do we go)
(Para onde iríamos?)
I don't want to have a feel for the song
Eu não quero ter uma idéia para a música
And I want to love, and I...
E eu quero te amar, e eu...
(Where do we go)
(Para onde iríamos?)
And I want to feel alone
E eu quero me sentir sozinho