maio 13, 2009

Devo ou Não olhar para o belo?

Por Leônidas Valente

ESTIVE MUITO OCUPADO COM TANTOS TRABALHOS E LIVROS PARA LER E OUTRAS COISAS NA ÉPOCA DA FACULDADE QUE NÃO ME RESTAVA TEMPO PARA NADA. E QUANDO DIGO NADA, ISTO INCLUI A MIM MESMO TAMBÉM.

Quantas vezes eu estava dentro do quarto assentado em uma cadeira, até confortável, mas desejando estar na praia ou, em qualquer outro lugar com uma paisagem bonita, é claro se eu tivesse a oportunidade, certamente, não estudaria!

A verdade é que todos... mas todos os Homens, mesmo que não em todos os momentos, mas em algum momento, ele deseja a presença daquilo que já desprezou. Quantas vezes eu me peguei desejando ver um passarinho, com tanto estresse e preocupações, as mais diversas, eu ficava lembrando-se do meu tempo de criança. Muitos de nós queremos crescer, mas quando chegamos a certa idade o que queremos mesmo é voltar à infância! E numa frase expressamos o sentimento: “tempos bons aqueles!”

Eu estou cheio de verdades, sabe! E a Bola da vez é: “desprezamos a presença, porém sofremos pela ausência”.Tudo porque somos bobos. Gastamos tanto tempo com coisas menos importantes. Quando falo isto, eu lembro da comida da minha mãe que muitas vezes comi e não elogiei; da presença dela que muitas vezes não aproveitei; os conselhos que quase sempre eu achava serem antiquados; dos casos da roça exaustivamente narrados por ela em sua linguagem pobre e desprovida de expressões atuais e...

Eu falo de aproveitar o momento. E sei que é possível que eu me lembre dos dias agradáveis da faculdade e tenha saudade deles. Mas agora que vivo, estou sempre pensando no passado. Um colega de quarto disse que eu estou entrando em depressão. Acho que não! Mas tenho certeza de que nalgum momento da vida do Homem, ele pensa no que fez e no que deixou de fazer. Alguém disse no passado que “o Homem que não tem do que se arrepender, não viveu bem.” Contudo, eu acho que existem coisas das quais podemos nos arrepender sem chegar ao fim da vida. Acredito que é este o momento da minha vida. Não é depressão. Acho que não! Eu estou é me arrependendo e não acho que vivi bem.

Bom, Jesus disse que os discípulos dele não deveriam se preocupar com as coisas. E que eles deveriam viver um dia de cada vez. Sem se apressarem ao futuro.

Foi da boca dele que saiu: Olhai os pássaros; não plantam não colhem, não fazem coisa alguma. Ele mesmo também disse que deveriam observar os lírios dos campos. Eu não sei o que você acha, mas sinceramente, não estou muito preocupado agora, talvez, um dia, quem sabe? Entretanto, para mim, entendo que Jesus estava dizendo: todos os homens devem ser mais contemplativos, platônicos.

Um amigo fez um transplante de rin e pode voltar a tomar água. Eu me lembro todos os minutos a expressão dele ao tomar água. É muito interessante o valor que ele dá a este ato tão comum. Ele até descobriu ou, inventou um gosto para água. Talvez Jesus estivesse falando disso. Eu penso que sim!

E mais, eu estive pensando e talvez agora você também não esteja interessado no que eu estava pensando, mas mesmo assim vou dizer: sendo mais contemplativos, nós vivemos melhor e longe de algumas doenças que têm como carro chefe os estresse e a ansiedade. Fora isto, vamos viver muito melhor aquilo que foi feito para se experimentar. Como por exemplo, um domingo à tarde, assentado no alpendre, ao lado de que você ama, olhando as crianças brincarem na rua; ou no parque vendo os pássaros e as coisas acontecem a tua volta. É simplesmente fantástico.

Sim. Quando leio isto, vindo da boca do Homem que tinha tudo para ser o mais estressado da face da terra, vejo que tem algo aí que a maioria dos homens ainda não tocou. Tem uma realidade “over” que parece intangível para o homem. As esperanças se malogrando e tudo mais se perdendo com o decorrer do que chamamos vida. Aparições de doenças psicossomáticas e tantas outras causadas pela ansiedade... não me sinto muito bem.

Eu devo gozar ao máximo aquilo que vivo no momento em que vivo pois, pode ser que eu venha me arrepender depois e isto, vai doer com certeza.

Desprezamos a praça limpa que a prefeitura limpou, mas estou sempre falando da sujeira causada por um deslize da mesma. Não abraço, não ouço, não elogio, não peço permissão atendendo a autoridade exposta em meus pais, não dar valor a namorada ou a noiva ou, a esposa, aos cuidados dela sobre mim, um cabelo que arrumou para eu contemplar, uma roupa bonita que vestiu para eu vislumbrar e, no entanto, não dou valor.

Mas um dia tudo se vai. E quando for eu sentirei a falta. É provável que eu até chore de saudade. E guarde as roupas e os utensílios por ela usados...

Acho que devo concluir por uma nova resolução em minha vida. Ser mais platônico vai me fazer mais feliz e ter pouco para me arrepender. Eu vou buscar o belo em tudo que eu viver. Porque é esta a beleza de viver.

Decidi! Vou olhar o belo.

Por Leônidas Valente, amigo de caminhada, um cara que eu me orgulho em dizer que é meu amigo. Leônidas enxergou vida em minha consciência, enquanto a maioria enxergava loucura.

Muito obrigado!

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