maio 25, 2009

Vida e morte de um Neófito! Desviados no tráfico!

Por Thiago Ferreira

O nascimento é um rompimento. O pequeno feto que por nove meses esteve se preparando, que teve total cuidado e proteção na barriga de sua mãe, se vê rompendo este mundo de extremo cuidado, para então conhecer o inóspito mundo do lado de fora. Tal ser pequeno e indefeso sai de um mundo cheio de proteções e passa para um mundo onde o corpo formado e preparado durante a gestação começa a respirar por conta própria, sentir frio, calor, se adaptar as cores e luzes, aos cheiros, resumindo, usar todos os seus sentidos para interpretar e vivenciar o mundo a sua volta.

Na noite em que Nicodemos procurou Jesus, o mestre disse que ele teria que nascer de novo para ver o reino de Deus. Avaliando por esta óptica, qual seria o processo de fecundação e de gestação para se nascer de novo? Qual seria o esperma divino que fecundaria a noiva (igreja) ao ponto de gerar nascidos do reino de Deus?

Fico a imaginar que este esperma divino é a graça, que quando fecundada na noiva tende a gerar verdadeiros filhos, nascidos do reino. Tal fecundação ocorre quando a graça encontra terreno bom e condições propícias, onde a sementinha consegue fecundar e crescer formando um neófito, feto divino que precisa de total cuidado da noiva, que precisar ser protegido e cuidado pela mãe igreja, que precisa deste período para seu preparo e formação, até o ponto em que como um novo ser nascido da graça enxergue o mundo com sua própria visão, que enxergue as luzes da espiritualidade, sinta o calor do espírito, etc.

O papel da igreja na concepção e no cuidado de tais fetinhos, é fundamental e de extrema importância.

O que me motivou a escrever sobre este assunto foi um fato que ocorreu alguns dias atrás quando andava na periferia onde nasci e moro. Vi um jovem que outrora esteve na igreja, com seu semblante e vida totalmente desfigurados pelo tráfico de drogas. Sei que isto ocorreu não somente por negligência daqueles que se dispusera a cuidar dele enquanto neófito, mais acredito que tal negligência tem parte no processo. A proposta evangélica atual, que preconiza uma busca incessante por manifestações do “poder de Deus”,a mentalidade imediatista das novas gerações, juntamente com a incapacidade da igreja de demonstrar para os novos convertidos que vida com Deus é um processo paulatino, que cada dia se “converte” um pouco, que a metanóia é um processo de fé que exige entendimento da graça para se prosseguir sem o peso da acusação, faz com que os fecundados pela graça muito antes de ter capacidade para interpretar e vivenciar as coisas do reino morra em sua motivação e vida.

Os fetinhos divinos têm morrido antes mesmo de vivenciar a liberdade, de se ler a bíblia sem os legalismo e doutrinas de outrora. Eles tem conhecido a graça do “eu aceito Jesus”, mais em médio prazo tem vivido a DESgraça do legalismo .

Sei que este jovem em especial, quando aceitou Jesus esteve como um louco a orar, tinha um fervor impressionante, mais pelo que tudo indica este fervor não durou ao ponto de entender que “a sua graça me basta”, sendo assim viu a igreja como uma farsa, uma decepção, um lugar que o encheu de “promessas” e não foi capaz de cumprir nenhuma delas.

O movimento pentecostal moderno de forma inconseqüente tem focado em promessas na qual o individuo faz o caminho contrario da humildade e simplicidade preconizado por Jesus. Os crentes dos dias de hoje parecem mais os “invencíveis”, do que os menores entre os homens, ou seja, os servos. Esta molecada acaba crendo na pregação irresponsável de tais denominações, e a bíblia se tornando um kit de maquiagem na qual o individuo maquia seu orgulho, sua vaidade, seu legalismo, e acaba morrendo antes de conhecer a plenitude da graça. Não quero dizer que o fato do individuo aceitar Jesus publicamente não seja o primeiro passo, ou não seja importante, muito pelo contrário, a confissão é o primeiro passo de humildade e de servidão, mais é só o primeiro passo.

Faço um apelo às denominações por este Brasil, principalmente os que se encontram nas periferias, que sejam responsáveis. Tais neófitos precisam de cuidados e de pregações que os incentivem a introspecção e autoconhecimento. Pregações que os encorajem a viver e enxergar a vida de uma forma mais bela e contemplativa. Pregações que demonstre o quanto somos insuficientes e incapazes, pois a humildade quebra as defesas do medo, e quando o medo de não ser alguém "respeitado" cai, cai todas as armas.

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