julho 27, 2009

Jesus e o "foda-se"

Por Ariovaldo Jr.



Eu sei que não devo ficar ansioso por causa de nada e blábláblá. Sei também que os cuidados deste mundo não podem sufocar a minha fé. Mas será que Jesus teve que passar pelo mesmo sofrimento desnecessário que muitas vezes passamos? Este não é um rascunho de idéias sobre fé, mas sobre motivações.
Não acredito que a vida seja tão difícil quanto alguns afirmam. Na verdade tudo pode ser simples e até divertido às vezes. O problema geralmente está na abordagem que preferimos utilizar para definir o que devemos ou não priorizar. Por exemplo, sinto que embora meus valores continuem intactos, ao priorizar atividades moralmente corretas dentro da vida eclesiástica (do tipo “todo mundo faz assim”), acabo por sabotar a mim mesmo. Não é que não acredito no trabalho em si. O problema é um pouco diferente. Na ânsia de atender às cobranças efetuadas através de métodos de gestão empresarial, acabamos por dar um tiro no pé de tanta preocupação em cumprir prazos, preencher planilhas, organizar agenda, fazer lista de tarefas, responder e-mails, participar de reuniões e principalmente prestar contas formalmente. E não tem jeito. Ou você se enquadra, ou dança.
Aí fico pensando na atitude de Jesus ao criticar todo o sistema. Parece que não preocupou-se tanto com a carreira rabínica e com a eficácia de “transformar” as coisas de dentro pra fora. Ele simplesmente apertou o botão do “foda-se”, disse o que precisava ser dito e fez o que precisava ser feito. Virou as costas pra “unidade”, mesmo tendo afirmado que, embora as práticas tornaram-se nulas, o ensino farisaico ainda estava correto.
Imagine um homem que tem grandes inimigos em potencial, capazes de lhe causar muitas dores. Para prevenir-se contra todo sofrimento, julgou ser prudente traze-los para perto de si, em seu círculo de relacionamento. Através de uma amizade sincera, evitaria com que as ações destas pessoas pudessem se tornar destrutivas a ponto de atingí-lo. Teoricamente a intenção está absolutamente correta. Mas não seria esta atitude mais uma maneira intencional de exercer controle sobre as situações?
Ainda tento entender como é possível conviver com esta dualidade de possuírmos um espírito livre e ao mesmo tempo sermos escravos uns dos outros. Às vezes penso que a expressão “escravos uns dos outros” na verdade seja uma metáfora para fugirmos de toda forma de controle e ao mesmo tempo nos submetermos a todos os que não tentem nos controlar. O difícil é discernir a verdadeira sinceridade.
Enquanto as coisas não se esclarecem, vou criar uma listinha de 10 coisas importantes a se fazer para sobreviver:
Concentre-se em Deus. Ele é mais importante que as pessoas.

Preocupe-se com as pessoas. Elas são mais importantes que as instituições.

Preocupe-se com si mesmo. Se não estiver bem, não vai prestar pra nada.

Insista em amar as pessoas verdadeiramente. Isto é um exercício mais difícil que musculação.

Converse com as pessoas que não esperam sua atenção. Principalmente os invisíveis (tipo mendigos).

Divida tudo. Sem excessões. Dê 50 reais pro vigia do carro. Chame alguém na rua para lanchar.

Desista de ter resposta para todas as perguntas. Entenda a importância de dizer “não sei”.

Beba devagar. Sinta sua vida medíocre em cada gole.

Seja grato.

Aprenda a andar com o botão do “foda-se” apertado. Às vezes funciona bem.

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