outubro 10, 2009

O “Desvangelho” da Prosperidade.

Por Thiago Ferreira


No séc. IV a.C, Eurípedes disse; O que é abundância? “Um nome, nada mais; ao sensato basta necessário”. Cinco séculos depois Cristo disse aos seus discípulos que a onde fossem levassem somente o necessário. Tanto Eurípedes como Cristo sabiam exatamente que para o sensato basta o necessário, e o necessário seria aquilo que realmente é importante, sem ostentações.
No cap.2 do livro de Atos, se têm um relato interressante onde se vê pessoas que decidiram viver com o necessário e descobriram dessa forma a comunhão do partir do pão. O livro relata que as pessoas conviviam partindo seus bens, e isso era comunhão. O tempo se passou e hoje mais de dois mil anos depois o evangelho ainda existe e é claro, pois ele nunca acabará, mas a mentalidade da maior parte de quem se diz do evangelho é bem diferente.
O evangelho ganhou partidários e ramificações (como se isso fosse possível), e existem os que hoje são do “evangelho tradicional”, os que são “evangelho pentecostal”, os que são do “evangelho renovado”,e os que se manifestam em todas as outras ramificações que são os do “desevangelho da prosperidade”.
A grande questão é; “o evangelho é a boa nova de Cristo, e se é de Cristo é importante entender o que para Ele é prosperidade. Cristo nasceu em uma mangedora, cresceu como uma criança normal em Israel, pouco se sabe de sua adolecencia, mas nada nos leva a crer que ele teve algum tipo de regalia, aproximadamente aos seus 30 anos começa sua jornada ministerial, e o que podemos notar é que Cristo em sua pragação viu prosperidade de uma forma muito diferente do que as pessoas veêm hoje em dia.
Para Ele grande e prospero, não era aquele que se reconhecia como santo e sim o pecador. Para ele grande não era o fariseu que afirmarva orar e jejuar e sim o publicano que baixava sua cabeça e se afirmava indigno de olhar para o céu. Para Jesus o jovem rico não era prospero, pois ele tinha medo de viver por fé. Viver por fé é viver cada dia sem se preocupar. Jesus testou a fé do jovem rico e acima de tudo mostrou para ele que a verdadeira prosperidade esta na liberdade de uma alma que não se apega ao dinheiro, e sim ao amor.
Desta forma podemos afirmar que o verdadeiro evangelho da prosperidade esta mais ligado ao reino de Deus, que segundo Jesus não esta aqui e nem ali, e sim dentro de nos, e se buscarmos este reino todas as outras coisas nos serão acrescentadas.
O “desvangelho” da prosperidade faz o caminho inverso, busque todas as coisas e o reino de Deus lhe será acrescentado. Isso é um sofisma da igreja moderna, pois gera uma falsa idéia do reino e acima de tudo uma “ilusão de óptica” por parte daquele que crê em tal idéia. Este sofisma nos leva uma visão quantitativa do reino, ou seja, quanto mais tenho depois que “encontrei a Jesus”, mais eu fui abençoado por Jesus. O reino do céus esta mais ligado a qualidade do que a quantidade,um grande exemplo disso é a graça.
A graça é um escândalo para o que crê no “desevangelho” da prosperidade, ou qualquer outro que creia em causa e efeito. Um exemplo disso é a parábola dos trabalhadores da vinha, imagine como seria o testemunho em um programa de TV do trabalhador que primeiro chegou e teve seu salário equiparado com aquele que chegou por ultimo? Com certeza pela óptica quantitativa este foi injustiçado pelo dono da vinha.
A graça independe de esforços, ela esta ligado a um estado de qualidade intrínseca que divide a espinha do corpo e julga as ações e anseios humanos em mundo chamado; “mundo das intenções”. Todo ato é norteado por uma motivação, ou seja, uma intenção, e esta que delimita se uma atitude é ou não do reino. A atitude do fariseu que orava no monte era louvável se vista superficialmente, mais se avaliada afundo ela se demonstra falsa em sua motivação original. A bíblia diz que os fariseus oravam repetidamente e faziam questão de fazê-lo em praças e locais públicos, isso ocorria com freqüência o que nos leva a idéia de quantidade, em contra partida os publicanos eram figuras reconhecidas por serem desonestos, era comum o famoso caixa dois na profissão, eles eram judeus que cobravam impostos de seus compatriotas em busca de dinheiro e poder político, e por todos estes motivos eram odiados por todos. Eram ricos a margem da sociedade judaica. Para Jesus o publicano demonstrou muita qualidade em sua motivação quando olhou para o céu, e se considerou indigno do reino. Ele olhou para o oposto, ele olhou para dentro, buscou uma qualidade chamada humildade e foi mais justificado do que o fariseu que se perdeu na quantidade apelidada por Jesus como “van repetição”, e na falta de humildade em entender que a vaidade do mundo exterior deturpa nossas motivações e nos joga no pecado original que é a vaidade de ser mais glorioso do Deus.
Existe um “glamour” no “desevangelho” da prosperidade que consiste na quantidade de bens que possuo, e em sua quantidade de valor na aquisição. É muito comum ligar a TV e ver testemunhos de pessoas que ganharam carros e casas, que Deus os deu a benção e coisas do gênero. Mais o que me preocupa é; quais são as intenções. Será que vamos viver a comunhão de partir do pão com aquilo que ganhamos? Ou simplesmente vamos viver pela quantidade, correndo o risco de deturpar nossas motivações e nos jogar na vaidade da gloria dos dias modernos que é: mais é, aquele que mais tem!
Para todos os casos nos resta uma única saída...
Orar de forma equilibrada sem se ater em vans repetições, aparecer de forma equilibrada sem correr o risco de tentar usurpar a gloria de Deus, ter bens de forma equilibrada, pois afinal...para o sensato basta o necessário.

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